sábado, 12 de julho de 2008

Dos Tombos Espetaculares

Há aqueles dias em que você pensa se não há uma enorme pomba no céu, guardadas as devidas proporções, voando e mirando diretamente na sua cabeça. Estou numa temporada assim...e inclusive recorri a outras leituras para tentar visualizar as razões dessa sensação - melhor do que imaginar que essa seja a verdadeira situação. Aqui vão os fundamentos:


1- neologismo barato "ensimesmamento" - parece que quanto mais pensamos em nossa própria imagem, reputação e coisa que o valha, pior fica e, mais, as pessoas passam a "perceber" o acontecimento inconveniente como uma falha visceral sua. Trata-se de uma confissão de culpa.

2 - cultura - corporativa - do loser vs winner - acentuou-se já há algum tempo, um conceito de que errar, ou mesmo falhar em qualquer fase da vida, constitui a entrada para a"agonia e infelicidade eterna." Não gosto muito de generalizações, mas elas servem para ilustrar um pouco essa idéia. Vivemos no mundo do "erro zero", em que cada erro implica perda de dinheiro. Fracassar = suicídio profissional => infelicidade, já que sem trabalho , o ser humano não é nada (o calvinismo-capitalismo que o digam). Dessa forma, muitos de nós podem interpretar a onda no lago Kanagawa como o puro e simples "no pain, no gain"em cores e tons aterrorizantes.


Porém, eu me lembrei de um ditado japonês antigo que diz "o jovem deve experimentar o sofrimento, nem que tenha de comprá-lo"..assim, eu passei a ver a figura de um modo diferente. Ela não é a representação do medo de falhar, mas da coragem e persistência, que devem sobreviver à dor e ao sofrimento e provocar o amadurecimento, mesmo quando tudo parece meio perdido. Eu comprei a minha dose, vejamos o que eu aprendo.

Um comentário:

Mochi disse...

Cada erro parece implicar em um caminho sem volta rumo ao fracasso. É um jogo sem checkpoint ou saving point. E um só coraçãozinho de vida.

Você tem razão, precisamos sofrer. Como a criança superprotegida que se torna alérgica e problemática, precisamos nos expor para crescer. Temos que experimentar, arriscar, jogar. Ou qualquer germe poderá ganhar a dimensão absurda de um leão. Sem a experiência do sofrimento, não temos a capacidade de classificar os obstáculos que surgem como menores ou maiores. Todos serão igualmente ameaçadores.